Se todos dermos as mãos

Publicado em Andei Pensando..., Educação, Cotidiano e Psicologia.


Se todos dermos as mãos

“Então é Natal, e o que você fez?

O ano termina e nasce outra vez

Então é Natal, a festa cristã do velho e do novo, do amor como um todo...”

A adaptação que Simone fez na música de Lennon e Yoko, nos intriga ao trazer uma mensagem de amor que se inicia perguntando o que fizemos para a construção de um “amor total”; amor pela vida e por aqueles que nos rodeiam, que tanto alardeamos no período das festas natalinas e de virada de ano.

É bom lembrar que apesar do característico egocentrismo humano, com cada pessoa se colocando como centro de seu mundo, nossa sociedade vem sendo construída justamente a partir da interdependência de pessoas diferentes que se complementam, a partir de novos conhecimentos, relacionamentos e paciência diante de situações adversas.

Somos consequência de nossas vivências e das pessoas com quem compartilhamos a existência.

Mas, o que pode acontecer quando nada compartilhamos?

E se o hábito do isolamento (por vezes alimentado com a má utilização de tecnologias) nos colocar na contramão desses envolvimentos?

Será que nossas competências e interesses que sempre amadureceram na troca de conhecimentos e sentimentos, estariam fadados a um processo de fragilização?

Estaríamos saindo da vida solidária para a solitária?

Pelo aumento exponencial de quadros patológicos ligados ao aumento da ansiedade e a depressão, temos a triste constatação de que, fugindo de seus pares, o ser humano esteja caminhando na contramão do espírito de Natal, que nunca se resumiu a uma específica data.

Natal é uma proposta de renascimento, dia após dia. O humano cumprindo sua missão de ser sal de sua comunidade.

O suicídio, a automutilação e a própria necessidade de nos destacarmos nas diferentes redes sociais, muitas vezes revelam nossa sensação de invisibilidade, e essa tende a ser desfeita quando as pessoas caminham juntas.

Observemos o Natal como a marca de um especial nascimento que deve ser revisitado diariamente, com ações que nos mantenham em constante processo de trocas de sabores e saberes, visando nunca esquecer as palavras de Bob Marley cantando “...se todos dermos as mãos, quem sacará as armas?”



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