Boda em busca

Publicado em Andei Pensando..., Educação, Cotidiano, Relacionamento e Psicologia.


Boda em busca

Muito se fala, espera-se e comemora-se, quando o assunto é “bodas”.Festejamos a resistência e persistência de relacionamentos que, quer sejam profissionais ou afetivos parecem cada vez mais difíceis de ser alcançados.Observando esses eventos quer de grafite, prata, ouro ou diamante, nas mais diferentes sociedades empresariais, marcas perpetuadas ou casamentos, temos uma única certeza, em se tratando de “coisas” humanas: só perduram as relações que se renovam.Apesar de ser um pensamento tolo, a maioria das pessoas continua a acreditar que quando relações e propostas começam bem, é só deixar a vida correr.Por sermos seres dotados de uma imperfeição divina (Deus, nos capacitando com a imperfeição, nos permite a possibilidade de mudanças e melhoras), não podemos simplesmente nos acomodar ou acovardar na falsa segurança de acordos do tipo “até que a morte nos separe”.

Filhos não amam seus pais simplesmente por serem nascidos e criados por tal família. O amor, o respeito e a admiração vão fazendo-se na medida em que as oportunidades de diálogo são aproveitadas objetivamente e sem pressa. Ah! Como essa tal de pressa tem atrapalhado nossas relações.

Corremos tanto que em certos momentos já não mais sabemos se estamos indo ou fugindo de algum lugar.Empresários, por mais habituados a longas reuniões e debates, muitas vezes de tão preocupados com mega projetos a médio e longo prazo, acabam por se descuidarem da correção de pequenos detalhes na relação com seus sócios e funcionários. Quando percebem, já existem tantas arestas a serem aparadas que chega a parecer que o mais fácil é começar tudo de novo.Mas o que significa começar de novo?

Voltar a ter esperança, acreditando nas boas intenções de todos os lados, para depois ir acomodando-se nas relações e só preocuparem-se com as “outras coisas”. Olha, se existe algo absurdo, é essa mania de humanizar as coisas e “coisificar” as relações humanas.Muitas empresas, com o objetivo de melhorar as relações internas, apelam para o expediente do happy hour, o que na prática acaba sendo uma forma de se continuar falando do trabalho, porém passando longe das reflexões pessoais, a não ser na hora das intrigas a respeito dos não presentes.Interessante como dentro de casamentos, considerados estáveis e até mesmo exemplares, esse quadro tosco do mundo empresarial repete-se.

Quantas relações se desfazem, ou ainda pior, fazem de conta que se mantém, a partir de silenciosas feridas que como cupins foram abrindo um buraco cheio de vazio. Sequelas da falta de diálogo diário, que não se estabelece apenas diante da resolução de problemas, mas principalmente quando tudo está em ordem.A amizade de um casal, a exemplo de outras, faz-se nas pequenas delícias e detalhes do dia a dia.Pense nessa questão, que parece tão comum."- Mãe, bodas de prata significa que vocês estão casados a vinte e cinco anos?- Não filho. Significa que faz vinte e cinco anos que eu e teu pai estamos buscando casar.

"O fato de termos que renegociar nossas relações "ad eternun" por mais que lhe pareça desgastante, garanto que é extremamente agradável, pois nos permite descobrir competências e habilidades, que apesar de serem inerentes ao ser humano, somente são despertadas quando nos predispomos a esse crescimento.Muitos casais separados quando se dispõe a um recomeço, buscando retomar a relação, esquecem-se que o primeiro passo a ser dado, é o de não repetir a causa central do fracasso anterior que, mesmo quando marcado por traição, teve iniciou no insucesso ou mesmo descaso com o diálogo.

Relacionamento é algo que, por mais amor ou paixão que se tenha no início, sempre vai depender da disponibilidade das duas pessoas esmerarem-se na construção de um terceiro ser, resultante de experiências vividas e degustadas em comum, sem anularem suas individualidades.Pode parecer difícil, nos tempos “bicudos” e medrosos que vivemos, termos que intensificar nossas relações, nos abrindo de forma cada vez mais clara, mas preste atenção: “ou nos mostramos como verdadeiramente somos e nos experimentamos na formação de novas estruturas, quer afetivas e profissionais, ou as pessoas a nossa volta amarão a mentira que mostramos ser”.

Como disse Gandhi: “devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”.



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