Cuidado com a tal da autoestima

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Cuidado com a tal da autoestima

Impressionante o quanto vivemos em um mundo de modismos.Sem mais nem menos, somos facilmente levados a integrar o grupo dos “Maria vai com as outras” e, sem perceber, nos tornamos parte daquilo que não compreendemos.

Dentre modas como ter um computador com HD dez vezes superior ao necessário ou celular capaz de fazer mil peripécias raramente utilizadas pelo proprietário, ultimamente encontramos a utilização da expressão “autoestima” como sendo a salvação da lavoura.Seja qual for o teu problema, levante a cabeça, acredite em você, lembre-se de que ninguém pode te destruir.

“Se você nasceu, então tem a obrigação de ser feliz”!Olho tudo isso e chego a ficar apavorado com essa onda do tudo posso, pois sou “o cara”, nascido para o sucesso. Meu parto pode ser traduzido como uma estreia de espetáculo destinado a atingir todos os prêmios de crítica e público.Será que somos tudo isso mesmo? Será que precisamos ser tudo isso?Quem inventou essa ideia de que o viver destina-se a exaustivamente alcançar os louros de uma glória sem fim?

Quando a elevação da autoestima passa a ser uma obrigação, corremos o risco de perder a própria identidade, não mais usufruindo das oportunidades que os diferentes caminhos nos reservam. A obrigação de ser feliz chega a ser pior que as obrigações profissionais ou acadêmicas, pois essas ainda permitem alguma trégua em finais de semana e férias.

O sucesso, por sua vez, não economiza dia nem hora. Tem que ocorrer sempre, pois dentro da alucinação de nossos tempos, o antônimo de poderoso passou a ser designado como depressão.Quando me coloco na obrigação de sempre brilhar, passo a ser refém da condição de perfeito, tendo tremenda dificuldade em simplesmente não o ser.

Por mais que conscientemente entenda a urgência em admitir que sou um ser falível, a angústia resultante das pressões sociais me mantém em um processo recheado de incertezas que tendem a se manifestar através de um vazio no peito. Aquele vazio do que não mais se sente capaz de ser preenchido pela própria existência.

Mais importante que a constante elevação da autoestima é, e sempre foi a manutenção de uma conduta de luta pacífica na direção de objetivos traçados. E ai está a importância de que tenhamos a preocupação de estar buscando e traçando esses planos.Cuidado! É necessário que nos esforcemos para a função de gerentes de nossa história, lembrando sempre que não somos os donos da mesma.

“...a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. (Mateus 22:21).



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